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12 autores para entender a Itália

   

Conhecida pelo país incrível que é, A Itália nos legou não só história, política, arte e cultura. Além dos filmes neorrealistas, a Literatura da Itália é uma fonte inesgotável de conhecimento e saber. Assim, seleciono 12 grandes livros para ter em sua cabeceira e conhecer o berço da humanidade.

1 – O Nome da Rosa, de Umberto Eco (1980)
Livro incrível, para se ler em horas, Umberto Eco escreveu um thriller histórico ambientado na Idade Médio, em que o foco é a literatura e religião. O livro se passa dentro de um mosteiro medieval, onde o frade franciscano William de Baskerville (homenagem a William Shakespeare e e ao livro de Arthur Conan Doyle, O Cão dos Baskervilles) é chamado para descobrir quem está matando os monges beneditinos que vivem em clausura. O frade possui um ajudante chamado Adso de Melk, o narrador da história já velhinho que conta as aventuras vividas com o frade, uma mistura de Sherlock Holmes e história medieval. Um livro incrível, que possui como pano de fundo, os terrores da Inquisição.

2 – A Divina Comédia, de Dante Alighieri (1321)

O livro mais reverenciado da Itália e um dos maiores clássicos mundiais, A Divina Comédia de Dante Alighieri é um poema épico e teológico, dividido em três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso. O poema relata uma viagem atemporal entre os três planos religiosos. Um dos livros mais reverenciados do mundo seja na arte, na cultura, no teatro, na literatura e em tudo que se possa imaginar.

Castelo de Monterregioni, onde Dante teria se baseado para escrever Inferno

Os personagens Dante e Virgílio passam pelos nove Círculos do Inferno. No primeiro círculo, Virgílio e Dante passam pelo rio Aqueronte, onde o barqueiro Caroonte faz a travessia das almas.

Caroonte, no Juízo Final na Capela Sistina

No limbo  ficam as almas que não escolheram Cristo, mas são virtuosos. Os personagens encontram Homero, de A Ilíada. No segundo círculo inicia-se o Inferno de Dante, e nele ficam os luxuriosos. No terceiro círculo acontece uma chuva pútrida sobre os gulosos, insolentes e soberbos. Todos são vigiados pelo cão de três cabeças Cérbero. No quarto e no quinto círculo do Inferno ficam os avarentos e os soberbos. No sexto círculo, Dante e Virgílio presenciam os hereges sendo queimados vivos. Os assassinos e violentos são atingidos por flechas pelos centauros. No sétimo círculo ficam os violentos com Deus e a Natureza, e os agiotas são queimados por uma chuva.

Saindo do Inferno encontram um precipício onde não conseguem cruzar pois um monstro alado os leva até o fundo, onde chegam ao oitavo círculo, que é dividido por 10 fossos interligados por pontes. Na saída há três gigantes acorrentados. No nono círculo o frio é demasiado e lá ficam os traidores, como Judas e Brutus e Cássio Longino. Lúcifer está presente e devora os três. Dante e Virgílio chegam ao centro da terra e começar subir em direção a saída. No túnel fica o Cruzeiro do Sul. Para chegar ao Paraíso devem passar pelo Purgatório.

Uma edição da Divina Comédia, do século XIV, na Galeria Academia

No Purgatório almas veem punições de outras almas e os sete círculos ali existentes são os dedicados aos sete pecados capitais: Orgulho, Inveja, Ira, Preguiça, Avareza, Pródigo, Gula e Luxúria. No Purgatório é que Dante encontra seu amor, Beatrice. No Paraíso existem sete céus, pelos quais os personagens passam.






3 – Decamerão, Giovanni Bocaccio (1353)

Decamerão vem do grego antigo: “deca” quer dizer dez, “hemeron” dias, então, Decameron significa dez dias. Criada por Giovanni Bocaccio, entre 1348 e 1353, o livro é uma coletânea de 100 contos. O mérito da obra é a ruptura com a Idade Média, após o terror da Peste Negra, e sua evolução para a literatura realista.

Galleria Degli Uffizi

Decamerão influenciou Moliére em Tartufo, Martinho Lutero e o luteranismo, Shakespeare em O Mercador de Veneza, Antonio Vivaldi em sua ópera Griselda, Lope de la Vega em sua obra Discreta Enamorada e Percy Shelley em toda sua obra.

4 – O Príncipe, de Nicolau Maquiavel (1513)

O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, é uma das maiores obras políticas de todos os tempos. Influenciou gerações e gerações políticas e introduz o conceito de Estado, dos dias modernos. O livro é dedicado a Lourenço de Médici, conhecido como Lourenço o Magnífico, o maior governante de seu tempo, que fez de Florença o berço da esplendorosa Renascença. A obra introduziu o termo maquiavelismo e o pensamento “os fins justificam os meios”.

5 – L’Africa, de Francesco  Petrarca (1321)

O poeta e escritor humanista Francesco Petrarca lançou seu primeiro livro, L’Africa, romance épico sobre o general romano Scipio Africanus. Seu melhor amigo era Giovanni Bocaccio. É considerado o pai do soneto, poema de 14 versos.

Galeria Uffizi

6 – O Leopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa (1957)

É um dos meus livros preferidos, e confesso que fui ler após assistir O Leopardo, de Luchino Visconti. O livro de Giuseppe de Lampedusa é sobre a história de uma família nobre da ilha de Lampedusa, cujo patriarca é Don Fabrício Corbera, o Príncipe de Salinas.

     

Seu sobrinho Tancredi, Príncipe de Falconieri, completamente arruinado, une-se ao exército de Giuseppe Garibaldi, líder da luta pela Unificação Italiana. O príncipe de Salinas, conservador, resiste a abandonar o Reino das Duas Sicílias. cinicamente Tancredi diz ao cético tio: “A não ser que nos salvemos, dando-nos as mãos agora, eles nos submeterão a República. Para que as coisas permaneçam iguais, é necessário que tudo mude.” Essa frase cínica de Tancredi permeia magnificamente a dominação de uma classe, que faz concessões para continuar se perpetuando no poder.

7 – As Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino (1972)

     

Italo Calvino é um escritor de família italiana, nascido em Cuba,  e cujos pais regressaram para a Itália. Calvino escreveu sua maior obra Cidades Invisíveis em 1972. O livro tem como personagens o viajante veneziano Marco Polo e Kublai Khan, conquistador mongol.

8 – A Arte de Amar, de Ovídio (1 a.C.)

          

Ars Amtoria ou A Arte de Amar foi escrito pelo poeta Publio Ovidio Naso, conhecido por Ovídio. Poeta romano nascido no Abruzzo,  Ovídio, junto com Horácio e Virgílio, foi considerado um dos três poetas canônicos da literatura latina. Escreveu a tragédia Medeia. A Arte de Amar é uma coleção de poemas eróticos. O poeta influenciou seu compatriota Dante, além de Shakespeare e Milton.

9 – Il Piacciere, Gabriele D’Annunzio (1889)

   

Filho de um rico proprietário de terras, Gabriele D’Annunzio foi um poeta italiano e dramaturgo extremamente controvertido. Elegeu-se para a Câmara dos Deputados, mas teve que fugir para a França, devido às dívidas com os credores, em virtude de seu estilo de vida dispendioso. Quando votou para Itália, lutou na Primeira Grande Guerra e tornou-se cada vez mais nacionalista. D’Anunzzio tinha origem dálmata e declarou o Fiume (na Croácia) um Estado independente da Itália, com uma constituição fascista e a si mesmo como Duce. O romance Il Piacciere ou O Prazer é de 1889 e é dedicado a uma atriz italiana, que era sua amante em Roma. Também é de sua autoria o romance O Inocente.

10 – Seis Personagens à Procura de um Autor, de Luigi Pirandello (1921)

    

Escrita em 1921, Seis Personagens a procura de um Autor, de Luigi Pirandello, conta a história de seis personagens que, rejeitados pelo criador, tentam convencer o diretor da companhia a encenar a história de suas vidas. Uma análise filosófica do teatro.

11 – A Romana, Alberto Moravia (1957)

    

Uma viúva e sua filha adolescente lutam durante a Segunda Guerra pela sobrevivência, suportando o frio, a fome e a violência sexual. A versão para o cinema deu o Oscar de Melhor Atriz para Sophia Loren.

12 – Teorema, de Pier Paolo Pasolini (1968)

    

Roteiro de Pier Paolo Pasolini, que virou livro e foi aclamado por intelectuais do mundo todo. Teorema conta a história de uma família, em que cada personagem representa uma grande instituição.