A Mona Lisa e Leonardo reinam no Louvre

 

 

Leonardo foi, possivelmente, o mais completo dos seres humanos, o Homem do Alto Renascimento, o homo universalis, isto é, a pessoa cujo conhecimento é tão amplo, que não está restrito a uma só área. Pintor, escultor, cientista, poeta, músico, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, arquiteto e botânico. Nascido em Vinci, vilarejo toscano, estudou em Florença com o mestre Verrochio, com quem dividiu algumas telas. Trabalhou também em Milão, Bologna e Roma.

Bacco

 

 

 

 

 

 

 

 

Mas apesar de todo seu brilhantismo muitos historiadores contam que Leonardo chegava aquela altura da vida quase sem dinheiro, após ter trabalhado para os Medici, os Sforza e diversos papas.  Neste período, faziam sucesso Michelangelo, que pintava a Capela Sistina, e Raphaello Sanzio, que pintava as Stanza Raphaello, também no Vaticano.

A Virgem com o Menino Jesus e a Madona de Leonardo da Vinci.
A Virgem e o Menino com Sant’Anna

 

 

 

 

 

 

 

Foi assim que conheceu Francisco I, rei da França, patrono das artes, fã do Renascimento e aquele que começou a coleção do Louvre. À convite do rei, partiu para a França. Com 64 anos, Leonardo da Vinci atravessou os Alpes, montado em uma mula, carregando suas pintuas a Mona Lisa, São João Batista e A Virgem e o Menino com Sant’Anna.

Ele viveu até os 69 anos, em uma vila no Loire, recebendo o título de 1° Pintor, Engenheiro e Arquiteto do Rei da França, com uma pensão vitalícia. Passou seus últimos cinco anos de vida concebendo projetos de engenharia para o rei, da qual tornou-se amigo. Ao morrer, suas três obras ficaram foram adquiridas pelo rei.

La Belle Ferronière

 

 

 

 

 

 

E foi assim que o Louvre viu-se como dona da obra mais famosa da Humanidade, La Gioconda ou a Mona Lisa ou Retrato de Lisa Gherardini.

Conhecendo as obras de Leonardo da Vinci no Louvre
1 – Mona Lisa ou La Gioconda ou Retrato de Lisa Gherardini (1503)
A musa de olhos magnéticos que é a grande dama absoluta do Musée do Louvre, seguida pela Vênus de Milo e a Vitória Alada da Samotrácia, é conhecida como La Gioconda. Ou como o museu a reconhece Retrato de Lisa Gherardini. Lisa, segundo o pintor e historiador florentino Giorgio Vasari, seria a mulher de um rico mercador forentino chamado Francisco del Giocondo, por isso La Gioconda. Outras defesas sobre quem seria a Mona Lisa  surgem.
Uma delas é feita por Silvano Vinceti, investigador do Comitê Nacional para a Promoção do Patrimônio Histórico e Cultural da Itália, que afirma que estudos comprovam que a pintura seria uma mistura de Lisa Gherardini com Gian Giácomo Caprotti, conhecido como Salai, um dos aprendizes e amante de Leonardo.
Outra possibilidade seria a Mona Lisa ser Beatrice D’Este, uma nobre italiana de Ferrara, casada com Ludovico Sforza, para quem Leonardo da Vinci trabalhou em Milão, quando pintou A Última Ceia. Outras versões dizem que seria o próprio Leonardo ou sua mãe camponesa, Caterina.
Mas seja quem for a Gioconda, mulher ou homem, nobre, mestre ou aprendiz, ela reina absoluta no Louvre, enigmática, sorrindo, meia melancólica, para milhares de pessoas que se acotovelam diariamente para ficar frente a frente com a mulher mais famosa das artes, um verdadeiro ícone.
 
Curiosidades sobre a Gioconda
– Leonardo utilizou o sfumatto, uma técnica artística usada  para criar um efeito artístico de luz e sombra em desenhos e pinturas, onde se sobressai o sorriso e olhar.
– A Mona Lisa não tem sobrancelha, nem cílios. Acredita-se que em uma restauração tenha sido usado um solvente muito forte, que fez desaparecer o tipo de tinta usada por Leonardo.
– Outros defendem que era moda no Renascimento não possuir pelos no rosto feminino.
– O quadro teria ficado com Leonardo,  e não com o Francico del Giocondo, porque após quatro anos pintando a esposa, o mercador florentino proibiu Lisa Gherardini, sua terceira mulher e muito mais jovem, que continuasse posando para o artista. Leonardo nunca recebeu nada pela pintura, ficando com sua obra.
– Algumas versões dizem que o rei da França, Francisco I, comprou a Mona Lisa, já na França, para enfeitar seu banheiro.
– Napoleão Bonaparte era tão apaixonado pela Mona Lisa que mandou pendurar em seus aposentos.
– Em 1911 o quadro foi roubado por um funcionário do museu.
– O poeta francês Guillaume Apollinaire e o pintor espanhol Pablo Picasso foram presos e interrogados pelo roubo da pintura. É que o o pintor havia comprado do poeta três estatuetas, que haviam pertenciado ao acervo do museu. A polícia francesa, que convenhamos devia ser chefiada pelo inspetor Clouseat, achou que os dois fosses os larapios. Enquanto o funcionário ladrão já havia se mandado para a Italia, a polícia francesa levou dois anos batendo cabeça.
– Durante a Guerra da Prússia e a Segunda Guerra Mundial, a Mona Lisa foi escondida em castelos no Vale do Loire.
– O quadro possui 77 cm de altura por 53 cm de largura.
2 – La Belle Ferronière (1495)
O belo retrato ainda gera muitas dúvidas se foi pintado por Leonardo e quem seria a bela jovem. Encomendado por Ludovico Sforza, senhor de Milão, seria uma de suas amante, Lucrézia Crivelli ou Cecíllia Galleriani.
3 – A Virgem dos Rochedos (1483 – 1486)
Muitas vezes chamada de Madonna das Rochas, a obra possui duas verões, uma exposta aqui no Louvre e uma segunda versão na National Gallery de Londres. A obra é um dos primeiros resultados do chiaroschuro utilizado por Leonardo da Vinci, o contraste entre luz e sombra. Um pouco maior que a versão em Londres, a do Louvre também mostra a Virgem Maria de túnica azul, com um braço envolvendo o Menino Jesus um anjo e o pequeno São João Batista.
A tela A Virgem das Rochas foi encomendada a |Leonardo pela Confraria da Imaculada Conceição, que necessitava de uma pintura para enfeitar o altar central da Igreja de São Francisco, em Milão. Percebe-se na obra as características humanísticas da Renascença, como as composições em pirâmide, o naturalismo, a proporção e a anatomia do corpo humano.
4 – A Virgem com o Menino Jesus e Sant’Anna
O desenho da obra foi criada em 1500 por Leonardo da Vinci, quando retornou a Florença depois de uma estadia em Milão. Na época, Leonardo ficou acomodado com seus aprendizes e criadagem no mosteiro de Santa Anunziatta. Ao que parece, Leonardo nunca terminou a obra. Em 2008 o Louvre iniciou um processo de restauração da pintura, que voltou a ser exposta em 2012.

5 – Bacchus (1510)
A obra gera controvérsias se realmente seria de Leonardo ou de um dos aprendizes do seu ateliêr. A imagem teria sido herdada por Salai. Não se tem certeza se foi pintada como João Batista no deserto ou seria o deus romano Bacco. Embora a paisagem de fundo não seja exatamente um deserto.  O que se sabe, é que o quadro gera ainda muitas dúvidas nos museólogos do  Louvre.
 
5 – São João Batista (1508 – 1509)
 
São João Batista assume traços quase femininos e foi pintado por Leonardo no final de sua fase em Roma.
 

6 – A Anunciação (1478)

Todas as obras de Leonardo estão na ala Denon, junto com as obras italianas. A Mona Lisa está na sala 6. As outras obras estão divididas entre as salas 5 e 6, no 1º andar.
Em qualquer visita ao Louvre, com certeza, ver a Gioconda sempre estará no roteiro, mas procure as outras obras, que elas também valem muito à pena.