Além do chocolate, das batatas fritas, dos mexilhões e waffles, a Bélgica é o país das cervejas e um dos principais centros da cultura cervejeira do mundo.
A bebida surgiu com a cultura monástica do norte da Europa, próxima a terras germânicas, onde a produção era feita para angariar fundos para manter as abadias na Idade Média. Em 1900 haviam mais de 3200 cervejarias na Bélgica, hoje são por volta de 200.
As mais amadas são as trapistas, cervejas produzidas nos mosteiros em uma ordem de monges cistersienses. São apenas cinco marcas de cervejas produzidas como antigamente: Chimay, Westmalle, Orval, Rochefort e Westvleteren. A metodologia é acrescentar a levedura no engarrafamento, induzindo uma segunda fermentação. O segredo trapista também é servir de uma só vez para não levantar os sedimentos.
Além das trapistas, outras abadias também concederam sua licença a grandes cervejarias comerciais, sem perder a qualidade do sabor da cerveja belga. É o caso da Leffe, Enamme e Floreffe.
As mais famosas, como a Stella Artois e Jupiler são as pilners, em tons muito dourados e são servidas geladas.
A lambic é naturalmente fermentada e considerada o champanhe das cervejas belgas. Produzida no Vale do Senne, na região de Bruxelas, existe no ar um levedo natural chamado Bretanomyces. Durante o inverno, a cerveja fica descoberta para o levedo penetrar na bebida. Depois ela é armazenada em barris de madeira onde permanece por mais um ano. Após esse processo, a cerveja fica com um sabor leve, mais parecido com um vinho, muito apreciado na capital.
A gueuze são cervejas como a lambic, fermentadas uma vez mais e deixadas mais tempo para amadurecer.
As kriek são cervejas como as lambic com sabores variados, que iniciaram com o acréscimo de frutas ou outros elementos durante a fermentação, principalmente no norte de Bruxelas. Hoje acrescentam-se framboesas para produzir a framboise ou açúcar para resultar na faro. Experimente a Belevue.
Muitas cervejarias dividem sua produção por intensidades, a dubbel, chamada de brown ale, é mais escura e adocicada e a tripel ale tem sabor bem forte (Brugse Tripel) e coloração mais dourada.
Os belgas também apreciam os ales fortes, com sabores intensos. As mais conhecidas são a Duvel, com 8,5% de teor alcoólico e a Bush, com 12%.
As lager ou pils são cervejas fermentadas por baixo, no fundo da bebida, ao contrário das ales, fermentadas por cima e mais intensas. Essas cervejas são mais leves, como a Stella Artois.
As witbier ou bière blanche é uma cerveja feita de cevada ou trigo onde são adicionados temperos variados como coentro e casca de laranja. Esse tipo de cerveja é leve, refrescante e espumante. As marcas mais conhecidas são a Hoegaarden e a Brugs Tarwebier.
No primeiro fim de semana de setembro acontece O Fim de Semana da Cerveja Belga, nas cidades de Bruxelas, Bruges e Gent.
O Festival da Cerveja de Bruges acontece em fevereiro e o Zythos Bierfestival, em Leuven, no final de abril.
O principal lugar da Bélgica para saborear uma cerveja trapista é a Abadia de St. Sixtus, em Westvleteren, onde monges trapistas produzem a cerveja de mesmo nome. A cerveja pode ser saboreada no Café In De Vedre. Diz a lenda que os monges permanecem em silêncio para produzir a cerveja.
Na cidade de Watou fica a fábrica de cervejas San Bernadus, que fica junto com o Bed & Breaksfast da família, uma vantagem a mais para quem beber demais poder descansar.
Em Bruges, os pubs são ótimas opões para apreciar a bebida, entre o melhores estão t’Brugs Beertje, com mais de 300 variedades de ales. O Den Dyver possui um restaurante e cervejas finas. O De Halve Maan é uma cervejaria pequena que produz a procurada cerveja Straffe Hendrick.
Em Bruxelas, cidade apreciadora da bebida, um dos mais famosos bares é o À la Mort Subite, próximo a Grand Place. A cerveja mais procurada é uma gueuze que leva o nome do bar, muito comercializada no país. Outro lugar sagrado na capital é o De Ultieme Hallucinatie, um bar em estilo art noveau. Uma indicação de cervejaria é o Cantillon, a única fábrica da capital e que oferece um museu, o Brussels Museum of the Gueuze. Quem quiser provar a lambic deve ir ao Chez Moeder Lambic. A grande atração é a reverenciada cerveja Sant-Gilles, além de outros 450 tipos. O In ‘t Spinnekopke é um pub que serve diversos pratos tradicionais à base de cerveja. A Taverne Greenwich Bruxellles é um pub e restaurante famoso de Bruxelas, frequentado por René Magrite.
Em Gent, o Dulle Griet é o local mais popular para se consumir cervejas, com uma oferta de mais de 400 marcas diferentes.
Na Antuérpia, o principal bar especializado na bebida nacional belga é o Kulminator, com uma variedade de 500 marcas.
Leuven é a cidade da Stella Artois e a marca pode ser apreciada no Oude Markt , que reúne mais de 40 pubs.
Proost, santé ou saúde, seja em holandês, francês ou português, brinde com as delícias belgas!