Uma das mais importantes expressões culturais da Grécia Antiga são suas esculturas. O auge foi na era Helenística por volta de 600 a.C., na região do Mediterrâneo.
A sala das esculturas gregas do Louvre, não significa necessariamente que as estátuas tenham sido achadas ou trazidas da Grécia. Na verdade, a grande maioria foi confeccionada na Itália por copistas da época do Império Romano, baseadas na admiração que os romanos possuiam pelos gregos, já que Remo e Rômulo seriam descendentes do grego Enéias, que na mitologia grega, foi o mais famoso chefe dos troianos, filho da deusa Afrodite e de Anquise. Era casado com Creusa, filha do rei troiano Príamo. Tinha um filho chamado Ascânio. Durante o incendio de Troia, saiu da cidade carregando seu pai e seu filho das cidades em chamas. Sua história é contada na Ilíada de Homero e na de Eneida de Virgilio.
Acima, a Vênus de Arles segura uma maçã na mão direita e na mão esquerda possui um provável espelho na qual se olha. A figura foi restaurada para a coleção de Louis XIV, após sua descoberta no teatro de Arles.
A escultura acima é uma variante da Vênus Capitolina, adquirida por Napoleão III, em 1861. Chama-se Aphrodite du Capitole. Abaixo, a estátua de Diana de Versalhes como Diana, a Caçadora ou Artemis. A escultura ffoi encomendada pelo rei Henrique II e seria uma alusão a sua amante Diana de Poitiers.
A dama de vestido drapeado da foto abaixo é Athena Phartenos do Louvre ou a Minerva com seu colar.
O ideal estético da Grécia Antiga
Para os gregos a definição de beleza foi sendo aperfeiçoada através dos séculos e geralmente estava relacionada a outras qualidades. Umberto Eco, o professor de Semióticada da Universidade de Bolonha, italiano, embora nascido em Alexandria, no Egito, reúne os conceitos e a evolução da beleza em seu livro História da Beleza. Segundo Eco, o critério de avaliação da beleza, segundo o oráculo de Delfos, um dos mais famosos oráculos da Grécia Antiga, responde: “o mais justo é o mais belo”.
A beleza das esculturas gregas, geralmente do período helenístico, são associadas à literatura de Homero e seu clássico a Ilíada, sobre a Guerra de Tróia. Homero não define o conceito da beleza em Iíada, mas o conceito helenístico, quando “Menelau, expugnada Tróia, lança-se sobre a esposa traidora para matá-la, mas seu braço armado ficou paralisado à visão do belo seio desnudo de Helena”.
Seria a visão da beleza de Helena, amante de Páris, filho do rei Príamo de Tróia, a razão de Homero haver cunhado o termo helenístico para denominar os corpos perfeitos? Corpos imortalizados em um padrão escultórico que está na Sala das Caritíades do Louvre? Não se sabe ao certo se a visão do seios de Helena, teria levado Menelau, irmão do rei de Esparta, Agamenon, convencê-lo a declarar a guerra contra Tróia?
A própria Helena é uma figura mitológica, pois era filha de Zeus, ninguém menos que O Pai de todos Deuses e da mortal Leda. Leda era esposa de Tíndaro e rainha de Esparta. Foi seduzida por Zeus, que aparecia na forma de um cisne. Assim, segundo a mitologia grega, Leda chocou dois ovos, onde de um nasceram Clitemnestra e Helena,sendo a primeira, filha de Tíndaro e a segunda de Zeus. Do outro ovo, nasceu Castor e Pólux, igualmente o primeiro filho de Tíndaro, e o segundo de Zeus. Tíndaro criou todos os quatro e casou Clitemnestra, com Agamenon e Helena com Menelau. Leda foi retratada e esculpida pelos mais diversos pintores renascentistas, barrocos e impressionistas como “Leda e o Cisne”, entre eles Leonardo Da Vinci, Gian Lorenzo Bernini e Paul Cézzane.
Eurípedes, poeta grego clássico, que ressaltou a tragédia e a agitação da alma humana em suas obras, em especial a alma feminina, ressalta em As Bacantes, do século V a. C., que “belo é o que é sempre desejável”. Então, para os gregos, começa a tomar a forma de beleza, do conceito de belo, aquilo que atrai o olhar de admiração, da virtude do deleite dos sentidos, sobre sua forma ou som.
A primeira foto é de Aphodite Accoupie ou Afrodite no Banho, obra do período helenístico muito copiada por copistas romanos em banhos e jardins. Essa escultura seria da coleção de Louis XIV. Os reis franceses sempre foram mestres em deleitar seu olhar sobre as formas belas e prazerosas.
Para o matemático Pitágoras e seu seguidores, a harmonia do corpo humano consistia na oposição de dois contrários, como par e ímpar, masculino e feminino, reta e curva, direita e esquerda. A harmonia não é ausência, mas equilíbrio e contraste, segundo Pitágoras e sua visão estético-matemática do universo, como produtoras da beleza. Para os gregos, todas as partes de um corpo devem adaptar-se reciprocamente, como uma conta matemática, baseada no equilibrio de dois elementos iguais, priviegiando uma justa proporção.
E a beleza perfeita continuou a ser discutida pelos gregos através dos tempos. Policleto, um dos mais notáveis escultores da Grécia Antiga, fundador do Classicismo escultórico, esculpiu o Cânone (IV a.C.), que encarnava todas as regras de uma justa proporção do corpo humano.
Uma das esculturas mais interessantes da sala grega é Hermafrondita Dormindo. O belíssimo nu, com formas femininas delicadas, deve ser olhado de todos os lados.
A escultura foi achada em escavações na igreja de Santa Maria della Vitória, próximo as Termas de Diocleziano, em 1608. Logo foi comprada pelo cardeal Borghese, o sobrinho hedonista do papa da época que montou a Galleria Borhese somente para abrigar sua coleção de arte, em Roma.
O cardeal, contratou Gian Lorenzo Bernini, o mais famoso escultor barroco de Roma, que esculpiu o colchão que abriga as formas perfeitas do hermafrodita. Na época, as pessoas deitavam-se sobre o colchão para provar.
Em 1807, a escultura foi vendida a Napoleão Bonaparte, junto com outras 200 outras obras da Galeria Borghese, por um descendente do cardeal e cunhado do imperador, o conde Camilo Borghese, casado com Pauline Bonaparte, irmã do imperador, em troca de uma vila. Alguns anos depois, apareceu uma cópia da estátua, que está na Borghese.
Esta sala se chama Caritádes, pois como a homônima grega, são figuras femininas que sustentam o prédio sobre suas cabeças, como suporte de arquitetura, substituindo uma pilastra ou um pilar. Aqui são utilizadas quatro figuras femininas.
O andar térreo da ala Denon possui dois grandes halls onde estão expostos frisos do Templo de Artemis, em Éfeso. Considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, hoje restam pouco mais que alguns destroços.
Séculos de fixação de reis, rainhas e imperadores franceses pela beleza, fizeram o Louvre se tornar o maior museu do mundo. As maiores e mais famosas esculturas da Grécia Antiga no museu, são a Vênus de Milo e a Vitória Alada da Samotrácia.
Mas as Salas Gregas valem uma visita para ver a coleção e entender o conceito da beleza grega, que perdura até hoje. Abaixo, estátua de Hércules.
As sa
las são incríveis e proporcionam uma bela mostra da importância da cultura helenística para gerações posteriores, com o surgimento do conceiro da beleza.
As esculturas gregas ficam no andar térreo da ala Denon.