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As fabulosas salas de pinturas italianas

 
Com o impressionante número de 460 mil obras em seu acervo e 9,7 milhões de visitantes em 2012, o  Louvre é o paraíso dos aficionados por obras de arte. São tantas e inúmeras peças, que é natural ficar até meia zonza em escolher o que ver. E você precisa escolher, pois é extremamente cansativo e humanamente impossível percorrer todo o acervo em um dia. Os europeus tem um caso de amor com seus museus. Por isso o Louvre é um motivo de orgulho nacional, para os franceses, embora muitas vezes entraram em atrito com outros povos pelas obras.
Sala das pinturas italianas do século 13

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A ala de arte européia, no Louvre está dividida em três alas. A ala Denon é uma ótimo para iniciar. Ali estão as salas das pinturas italianas datadas dos séculos 13 a 15, do século 16 e 17, do século 17 e 18. Nessa ala estão também as obras francesas do século 19 (em grande formato), obras espanholas e uma sala inglesa. As salas ficam no primeiro andar, leia as placas indicativas de 1er étage, Denon. 

Salas do séculos 13 a 15

A Virgem e a Criança rodeada pelos anjos, de Pietro Cimabue
Pietro Cimabue foi um pintor florentino do século 13, conhecido como o último a pintar no estilo bizantino, foi citado por Dante Alighieri na Divina Comédia e foi o descobridor de Giotto de Bondone. O quadro é um magnífico retábulo e foi trazido da igreja de São Francisco de Assis, em Pisa, junto com o quadro do santo (abaixo) de Giotto, por Napoleão, em 1811, e formam a base dos “primitivos” italianos.
                 La Stimatisatione saint Frainçois d’Assise, de Giotto di Bondone (1297)
Crucifixo, de Giotto
Giotto de Bodone deu início a baixa Renascença com o quadro de São Francisco de Assis é uma única tábua onde o santo está no monte Verna, onde Cristo aparece em forma de Serafim e lhe coloca nas mãos e nos pés as stigmatas. 
La Crucifixion, Giotto

No mesmo retábulo de São Francico, aparecem embaixo da cena principal , três quadros secundários que são respectivamente, O Sonho de Inocêncio III, a Confirmação da Regra Franciscana e São Francisco Pregando aos Pássaros. Giotto mudou os padrões de arte do século 14, e foi o precursor do que viria a ser a Renascença. Na foto acima, um crucifixo, de Giotto. Abaixo, outra obra de Giotto, intitulada La Crucifixion.

Da Média Renascença, artitas que eram religiosos, como os frades Fra Bartolomeo e Fra Fellipo Lippi tiveram destaque, além de Domenico Ghirlandaio, Giovanni Bellini, Antonello de Messina e Andrea Mantegna.
                                A Virgem e o Menino, entre São Cirilo de Jerusalém e São Jorge
A Coroação da Virgem, de Fra Bartolomeo
Fra Bartolomeo foi outro pintor nascido na região de Florença e foi um dos grandes mestres do início desse movimento. Acima, a Coroação da Virgem e na foto abaixo, o Martírio de São Cosme e Damião.
Noli me tangere, Fra Bartolomeo
                               O Martírio dos santos Cosme e Damão, de Fra Angelico
Outras madonas expostas são a Virgem da Humildade de Jacopo Bellini e a Virgem e a criança, de de Pinturrichio, outros dois mestres da época.


           Virgin of Humility with an Admiring Prince, Jacopo Bellini


                Virgin, and child with saint, de Pinturicchio

Fra Filippo Lippi, outro frade extremamente influente na início da Renascença, era patrocinado pela familia Médici. A obra A Virgem com o menino com o Santo Frediano e Santo Augusto, é de 1437, feita para a Igreja do Santo Espirito em Florença.

A Virgem com o menino com o Santo Frediano e Santo Augusto, de Fra Filippo Lippi
 Giovanni Bellini, conhecido como Giambellino, nascido em Veneza, foi  considerado um renovador da escola veneziana, pelo seu estilo mais policromático e sensual. Giovanni usava cores claras e secagem lenta. Pertencia a uma família de pintores, junto com seu pai Jacopo Bellini e seu irmão Gentile. Foi  o mentor de Tiziano Vecellio e Giorgione.
A Virgem e o Menino, entre Saint Pierre and Saint Sebastién, de Giovanni Bellini 

São de Bellini as pinturas, acima, A Virgem e o menino Saint Pierre and Saint Sebastién (1487) e Crucifixion (1465), abaixo.

Crucifixion, Giovanni Bellini

 

 Domenico Ghirlandaio foi um florentino muito influente na corte dos Medici, tendo pintado obras na Sala del Orelógio del Palazzo Vecchio de Florença e também no Spedale degli Inocenti, nas Capela Sassetti e Tornabuoni, além da Chiesa de Santa Maria Novella. Em Roma, fez um dos afrescos da Capela Sistina. Foi professor e mestre do grande Michelangelo Buonaroti e de Francesco Granacci. 
                  O Ancião e a Criança, Domenico Ghirvandaio, 1490
 
                  
Madonna con Bambino, de Domenico Ghirlandaio                                Visitação, de Domenico Ghirlandaio

 

 
Madonna col Bambino, San Giovannino Baptista e tre angeli, de Domenico Ghirlandaio
 
Piero della Francesca, um dos expoentes do Quattrocento italiano, mostra sua obra com misturas de formas geométricas, cores pastéis e retratos em perfil. Abaixo, a pintura à óleo Retrato de Sigismondo Pandolfo Malatesta, Senhor de Rimini.
 
Retrato de Sigismondo Pandolfo Malatesta, de Piero della Francesca
 Pietro Perugino foi um dos mais importantes artistas italianos da alta Renascença. Acredita-se ser sua a bela pintura datada de 1529, da foto abaixo, A Virgem com o menino, ladeada de dois anjos com Santa Rosa e Santa Catarina de Alexandria
A Virgem com o menino, ladeada de dois anjos com Santa Rosa e
Santa Catarina de Alexandria, de Pietro Perugino

 

Perugino também está exposto no Louvre Apólo e Mársias, inspirada em Hermes e Praxisteles, que foi comprada anteriormente pelo museu como uma obra de Raphael (foto abaixo).

Apolo e Mársias, de Pietro Perugino (1492)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A obra seria o confronto entre o rei Apolo com o sátiro Mársias, que nasce no ambiente culto e exclusivo da corte dos Medici, em Florença. Uma interpretação mais recente do museu, reconhece o personagem sentado como Dafne, pastor com o qual Lorenzo de Médici, vulgo o Magnifíco, se identificava. Dafne quer dizer louro, em grego, daí Lourenço, o senhor de Florença. que personifica a inspiração da pintura e a vocação do senhor da época para a poesia e a beleza, personificada por Apolo.

A Virgem da Vitória e a criança entronizada com o seis santos,
 em adoração, de Andrea Mantegna
Andréa Mantegna foi o artista da região de Vincenza mais famoso da Renascença. Aluno de Jacopo Bellini, pai de Giovanni, caiu de amores pela filha do mestre, Nicolosia e se casou com ela. Logo a família Gonzaga, de Mântua o tornou o artista da corte. Passou anos entre Verona, Mântua, Roma e Veneza. Afixionado pela arte grega, inspirava-se em esculturas desse país. A primeira obra de Andrea Mantegna exposta é A Virgem da Vitória e a criança entronizada com o seis santos, em adoração, de 1496.
 
                               São Sebastião
Acima, de 1480, está a está São Sebastião, que fazia parte do altar da igreja de São Zeno, em Verona, e abaixoa pintura A Crucificação, de 1457.


                                                          A Crucificação, Andrea Mantegna

Mas uma das obras mais belas de Mantegna na ala Denon é O Parnaso, pintada entre 1495 e 1497 para Isabella d’Este, Marquesa de Mântua, para ornamentar seu estúdio (abaixo). A própria marquesa escolheu as cenas de alegoria, em que Marte e Vênus se divertem com um Vulcano e um Orfeu que tocam e nove ninfas que bailam . À direita está Pégaso, o cavalo alado de Mercúrio.

O Parnaso, de Andrea Mantegna

 

 

Sandro Boticelli foi apelidado de pequeno tonel, apelido que acabou sendo o sobrenome da família, devido suas habilidades.Aprendiz do atelier de Fillipo Lippi, em Florença, foi um dos maiores pintores do seu tempo. Além de exímio retratista, suas figuras alegóricas e pagãs, cheias de doçura, com rostos perfeitos, são populares até os dias atuais.

Um jovem apresentado às sete artes liberais, de Sandro Botticelli 
A delicadeza dos traços femininos de Boticelli são vistos nas obras Um jovem apresentado às sete artes liberais (acima) e Vênus e as Três Graças presenteando uma Jovem, de 1483 (abaixo).
         detalhe de Vênus e as três graças presenteando uma jovem, Sandro Botticelli

 

Vênus e as três graças presenteando uma jovem, Sandro Botticelli
Retratos masculinos sempre foram feitos com leveza por Botticelli, como os que seguem abaixo.
Portrait de un jeune homm, Sandro Botticelli
Retrato de um Jovem Homem, de Sandro Botticelli
 
As madonas de Botticelli sofreram forte influência do seu mestre, Fra Fillipo Lippi.



    
Madona com o menino e cinco anjos                                                     Madonna com o Menino

Le Vierge et l‘enfant en gloire, de Francesco Botticini
Le Vierge et l‘enfant en gloire Francesco Botticini e 
Cinco mestres da Renascença Florentina, de Paolo Ucello

 

Acima, de Francesco Botticini a Vierge en gloire e de Paolo Ucello, Os Cinco Mestres da Renascença Italiana (na foto abaixo, da esquerda para a direita são: Giotto de vermelho, o próprio Paolo Ucello com um chapéu cossaco, Donatello, Manetti e Brunelleschi).
 
          Cinco mestres da Renascença Florentina, de Paolo Ucello
 
A Batalha de San Romano foi pintada entre 1450 e 1455, por Paolo Ucello, e narra um episódio da batalha vencida pelos florentinos contra os sienenses, em 1432, que hoje seria a região do Chianti, na Toscana. A pintura é uma das três tábuas, feitas sob encomenda da família Médici. As outras duas encontram-se na National Gallery, em Londres e na Galleria degli Uffizi, em Florença. O pintor, que era fã do gótico tardio, pintava de maneira elegante as formas e movimentos, tornando cavaleiros anônimos em heróis.

 

                               A Batalha de São Romano, de Paolo Ucello
obras do Renascimento Italiano
Andrea de Sarto era pintor maneirista e um arista considerado frenquentemente senza errori ou sem erros, mas que passou a vida sendo ofuscado por seu contemporâneo Raphaello Sanzio. Abaixo, estão no Louvre, à direita A Virgem, o menino Jesus, Santa Elizabete e o pequeno santo São João. À esquerda, Charity.

A Virgem, o menino Jesus, santa Elizabete e o pequeno santo São João,
de 
 Andrea del Sarto

 

Charité, Andrea del Sarto

 

A visita, de Sebastiano del Piombo

 

A Anunciação,Giorgio Vasari
Sebastiano de Piombo foi um pintor veneziano, aprendiz de Giovanni Bellini e Giorgione e também exerceu influência sobre Michelengelo e Raphaello. A pintura A Visita (acima, à esquerda) é sua. À direita, A Anunciação, do pintor, arquiteto e biógrafo Giorgio Vasari.

        
                              Auto-retrato com um amigo, Raphael                                                        Retrato a Baldissaro Castiglione, Raphael

Raphaello Sanzio formou junto com  Leonardo e Michelangelo o trio dos maiores representantes da Alta Renascença Italiana. Acima, alguns dos retratos feitos por Raphaello, que estão expostos no Louvre. Em Auto-retrato com um amigo, Raphael está à direita.. À esquerda o Retrato de Baldissaro Castiglone. Abaixo, em sentido horário, da direita para à esquerda, seus retratos de vário santos: petit Saint Michel mata o dragão, le grand Saint Michel mata o demônio e Saint George mata o dragão.
            Petit Saint Michael
le grand saint San Michel trespassant demonion

                São Jorge lutando contra o dragão




























 

 

 

 

 

Raphaello teve várias inspirações em suas obras. 

Retrato de Jeanne de Aragão


Uma delas foi em Perugino, usando perspectiva e proporção em suas figuras. Outras obras suas inspiram-se em Leonardo da Vinci e suas madonas de rostos perfeitos e técnicas de sumatos. Outras em Michelangelo e em sua anatomia do corpo humano. Acima, à esquerda Retrato de Jane de Aragão e à direita Virgem ao Véu.

 

 

 

Virgem ao Véu
Saint Jean Baptiste au Deserte, de Raphael Sanzio, de 1520
A obra da foto acima, São João  Batista no Deserto mostra forte influência de ignudi, o estilo de nus de Michelangelo, presentes na Capela Sistina.
 
               

                           La Belle Jardinière                                                                  The Holy Family

Uma das grandes obras de Raphaello é La Belle Jardienière, onde o pintor estudou a obras dos dois grandes mestres maiores, Leonardo e Michelangelo, e bucou um equilíbrio entre o traço e a concepção dos dois para realizar sua obra. A transparência da paisagem deriva de Leonardo e as figuras firmes remetem a Michelangelo. à direita, A Sagrada Família.
O Casamento de Santa Catarina de Siena, de Fra Bartolomeo
A Encarnação com Seis Santos, de Fra Bartolomeo
Fra Bartolomeo foi o melhor amigo de Raphaello e também foi seguidor de Leonardo e Michelangelo. De Fra Bartolomeo estão expostos no Louvre as pinturas O Casamento de Santa Catarina de Siena (à esquerda) e A Encarnação com Seis Santos (à direita).

Rosso Fiorentino
Se precisasse escolher o atista mais pop da Itália, diria que é Rosso Fiorentino. Rosso não foi muito popular na Itália pelo seu estilo menos gracioso que seus contemporâneos, mas o pintor maneirista foi aluno de Andrea del Sarto. Rosso Fiorentino mudou-se para a França e passou a dar aulas na Escola de Fonteinebleau, no castelo de mesmo nome, importante escola de arte francesa. Acima, a obra Pietá, com cores fortes, que lembram obras modernas.
Magdalena, de Lorenzo Costa

Acima, uma obra de pintor representante da Escola de Ferrara, Lorenzo Costa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As salas das pinturas italianas, do séculos 13 a 15, ficam na ala Denon, no piso 1.

(continua no próximo post)