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Os espetaculares Portões do Inferno de Auguste Rodin

Auguste Rodin era um fã incondicional da Divina Comédia, de Dante Alighieri, levando sempre em seu bolso um pequeno exemplar. Em 1879, foi-lhe encomendado um portão para a entrada do Museu de Artes Decorativas, que era então o antigo Tribunal de Contas da França e que havia sido incendiado pelos revolucionários da Comuna de Paris.

O tema proposto foi a Divina Comédia de Dante e seus Dez Círculos do Inferno. Uma primeira versão foi apresentada durante a Exposição Universal de 1900, inconclusa.

Rodin trabalhou a vida inteira na sua obra Os Portões do Inferno, que só foi concluída em 1917, a obra teve como ajudante, sua aluna e amante Camille Claudel. A obra é uma viagem ao mundo das almas penadas, com mais de 200 personagens esculpidos. Os Portões do Inferno nunca foram colocados no Tribunal, sendo somente concluídos entres os anos de 1880 a 1917) em bronze. Hoje encontra-se instalado no Jardim das Esculturas, no Museu Rodin.

 

A obra é o maior símbolo da Art Noveau privilegiando as formas sinuosas que saem do quadro.
Rodin vai  mergulhando no mundo de Dante Alighieri e contando as histórias do Inferno. Nessa obra ele retrata o personagem Ugolino, que é emparedado com seus filhos e, torturado pela fome, vê seus filhos correrem e putrefarem. Essa é apenas uma das históricas tenebrosas da Divina Comédia. Rodin molda Ugolino como uma besta, sofrendo e rastejando em cima dos filhos, ávido pela fome, desprovido de qualquer traço de humano que um dia já teve. E acaba por devorá-los.




 

Três moldes espetaculares foram feitos para os Portões do Inferno. A primeira baseada no Portal do Batistério da Basílica de Santa Maria del Fiore, em Florença.

A segunda maquete foi feita no gesso e a terceira maquete possuía  protótipos das formas humanas indicadas com gotas de cera esmagadas. Versões dizem que Rodin teria se inspirado na obra O Juízo Final, de Michelângelo, para moldar a disposição dos personagens (se você quiser ler sobre a obra do Juízo Final, clique aqui).

No lado direito de Ugolino, estão Paolo e Francesca, em um deslizamento de corpos. Em toda porta, lavas ferventes vão engolindo os corpos. Abaixo, Fugit Amor.







 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os espaços são preenchidos por profusões de corpos de mulheres nuas  que invocam o caos. Um esqueleto leva para o inferno os corpos das mulheres nuas, que somente na morte.

Os frisos da porta são cabeças dispostas sobre O Pensador, que não sabe-se ao certo se seria o juiz do Inferno observando o fim ou o Criador meditando sobre sua criação. Mas o símbolo da atividade intelectual, com cada músculo do seu corpo contraído, demonstra seus pensamentos.
Mercúrio preso na moldura central cumpre seu papel mitológico de condutor dos mortos do Inferno. Abaixo, o Filho Pródigo.

 

O Pensador seria o próprio Dante Alighieri, elevado, olhando o abismo.

      

O homem que tomba ao vazio do Inferno, crianças sofredoras, cortesãs decapitadas, Adão e Eva em ambos os lados do portal lembram o Pecado Original e sofrimento da Humanidade.

 

E, para nossa surpresa, quando estamos em frente ao Portão do Inferno, uma meia dúzia de carros pretos param e descem homem com caram de poucos amigos, vestidos com ternos pretos e aqueles óculos escuros. Comentei com meu marido que tinha pinta de serviço secreto.

Claro que só recebi aquela olhadinha, “de onde ela tirou isso?”. Mas a extremamente eficiente e simpática Loretta Lynch, Procuradora Geral da República dos Estados Unidos, desceu do seu veículo para admirar Os Portõees do Inferno com Rodin. Para quem não lembra, Loretta Lynch é aquela que colocou metada da FIFA atrás das grades. Teria ido buscar inspiração nos Portões do Inferno de Auguste Rodin e Dante Alighieri ?

 

 

O endereço do Musée Rodin é 77, Rue de Varenne, no Invalides – 7o Arrodissement. O ingresso custa ¢ 10,00. Com o Paris Museum Pass não é necessário pagar nada mais. O horário de funcionamento do museu é das 10 as 17h45, de terça a domingo. Metro: Varrene